Há algo de estranho em continuar flutuando depois de tanto peso.
Como se o corpo aprendesse a se manter no ar mesmo ferido, mesmo cansado, mesmo cheio de espinhos.
Talvez sejam defesas, talvez apenas formas de respirar em meio ao caos.
Aprendemos a inchar o que restou de leveza, a proteger o que ainda pulsa.
Mas a cada sopro, algo dentro de nós também se estica, prestes a estourar.
Entre o medo e o impulso de seguir, seguimos.
Nem totalmente inteiros, nem completamente quebrados , apenas tentando existir no espaço que há entre o ar e a queda.
E é nesse espaço que tudo acontece: o medo, o desejo, o silêncio…
Cada um sabe onde dói, e o que o mantém flutuando.